sábado, janeiro 27, 2007

terra à vista


Ao dia de São Tito do anno da Graça de dois mil e sete, os homens acordaram-me com boas novas. Existia sargaço nas águas que mareávamos.
O nevoeiro era no entanto ainda muito intenso e mantinha-se assim desde que cruzáramos o trópico. Assim sendo, o contacto visual não era possível, mas não devíamos estar longe de terra firme.
Os sinais repetiram-se ao longo do dia.
Por volta da hora primeiras, foi possível, por entre o cerrado nevoeiro, estabelecer contacto visual. Um breve vislumbre, mas efectivamente viu-se algo para além do grande mar aonde nos mantínhamos perdidos há meses.
Por volta da hora terceira, tornou-se a repetir essa imagem. Os homens estavam entusiasmados, mas os homens são homens, simples homens, há tempo a mais afastados de terra, sozinhos na vastidão solitária do negro mar.
Para o final da tarde, quando já mergulha o carro de Apolo no território de Hades, as silhuetas de pássaros irromperam ruidosamente sobre o céu que nos cobria as cabeças.
Efectivamente, já não podiam haver réstia de dúvidas. Para lá de toda aquela parede de nevoeiro, tinha que haver algo mais.
Certamente terra. Terra firme. Mas será terra do Senhor ou terra do Demo?

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