domingo, janeiro 28, 2007

na ilha de Circe

No dia seguinte acordamos com o barulho das aves.
A bruma tinha-se já dissipado e já era possível deslumbrar terra firme. Aquela imagem de um porto seguro era como que uma voz de sereia e eu era Odisseu com seus homens. Mas nem eu estava agarrado ao mastro, nem meus companheiros tinham os ouvidos tapados.
Acorremos o mais rápido que nos era permitido aos nossos humanos corpos e aos frágeis botes, ainda que o nosso espírito já lá estivesse chegado.
Mas se bem que chegado lá antes, de nada nos valera, porque não nos avisaram, a nós, sua parte física.
Uma vez aportados, comecei a entender a perdição de nossos espíritos.
Os homens estavam demasiado excitados para se aperceberem, mas algo naquela terra era indómita. As marcas estavam lá. Não era terra virgem. Pedaços de madeira, cinzas, destroços. Aquele seria uma ilha de Circe ou sua semelhante. Para nossa desgraça, parecera que a única terra que nos acolhia era terra de Demo. A ver vamos se não acabamos todos leitões.

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