segunda-feira, março 05, 2007

a história da vida de um homem

A história da vida de um homem só pode ser de uma maneira: como ele a recorda e a conta, e não da forma como ele realmente a viveu. O máximo que pode acontecer é ninguém gostar da história.
Mas isso efectivamente só seria problema se ele a contasse de uma forma diferente daquela que recorda para si próprio. Seria como se ele quisesse enganar os outros sem se enganar a ele próprio primeiro.
Não há verdades absolutas. Há muitas. E todas elas relativas, diferentes, opostas, mas concordantes. São como peças de vestuário, destinadas a diferentes pessoas, diferentes idades, estaturas, fisionomias, humores. Há de tudo na loja das verdades como há no pronto-a-vestir.
Portanto, a história da vida de um homem só pode ser a sua verdade, nunca a dos outros. Se ele gostar dela tanto melhor. Se não gostar, azar. Foi a verdade que ele escolheu ou então não teve nem arte nem engenho para se enganar a si próprio.
E se não nos enganarmos, já se sabe que dificilmente havemos de ser felizes.

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