sexta-feira, dezembro 28, 2007
centelha humana
Elia Kazan
I don't know what I can save you from.
it must have been three years since we last spoke.
I slowly tried to bring back,
the image of your face from the memories so old.
I tried so hard to follow,
but didn't catch a half of what had gone wrong,
said "I don't know what I can save you from."
I don't know what I can save you from.
I asked you to come over,
and within half an hour,
you were at my door.
I had never really known you,
but I realized that the one you were before,
had changed into somebody for whom
I wouldn't mind to put the kettle on.
Still I don't know what I can save you from.
I don't know what I can save you from.
Kings Of Convenience
terça-feira, dezembro 25, 2007
em silêncio
quarta-feira, dezembro 12, 2007
inabitável
domingo, dezembro 02, 2007
existência
a letargia colectiva ainda é a maior responsável pela existência humana... e tal só pode ser atribuído a uma força sobre-humana: deus, ou a estupidez... vai tudo dar ao mesmo.
sexta-feira, novembro 02, 2007
désert
Je compte les jours je compte les heures
Je voudrais te dessiner dans un désert
Le désert de mon coeur
Oh mon amour, ton grain de voix
Fait mon bonheur à chaque pas
Laisse-moi te dessiner dans un désert
Le désert de mon coeur
Dans la nuit parfois, le nez à la fenêtre
Je t'attends et je sombre
Dans un désert, dans mon désert, voilà
Oh mon amour, mon coeur est lourd
Je compte les heures je compte les jours
Je voudrais te dessiner dans un désert
Le désert de mon coeur
Oh mon amour, je passe mon tour
J'ai déserté les alentours Je te quitte, voilà c'est tout
Dans la nuit parfois, le nez à la fenêtre
J'attendais et je sombre Jetez au vent mes tristes cendres, voilà
Oh o meu amor, a minha alma-gêmea
Eu conto os dias conto as horas
Eu quero desenhá-lo num deserto
O deserto do meu coração
Oh o meu amor, o teu tom de voz
Faz a minha felicidade à cada passo
Deixe-me de desenhá-lo num deserto
O deserto do meu coração
Na noite às vezes, parada na janela
Eu espero e naufrago
Num deserto, o meu deserto, aí está
Oh o meu amor, o meu coração é pesado
Eu conto as horas, eu conto os dias
Eu quero desenhá-lo num deserto
O deserto do meu coração
Oh o meu amor, passo a minha volta
Eu abandonei os arredores
Eu deixo-o, aí está é tudo
Na noite às vezes, parada na janela
Eu esperarei e naufrago
Lanço ao vento as minhas tristes cinzas, aí está
quarta-feira, outubro 31, 2007
vampirizar por aí
terça-feira, outubro 30, 2007
"volVidas"
segunda-feira, outubro 29, 2007
ressabiada
ressabiada?
quem? eu?!!
não! ela!
porquê? com quem?
comigo?!?!
alguém consegue explicar-me? provavelmente nem ela... mas também já é normal.
sexta-feira, outubro 19, 2007
círculo
nunca sabemos bem quem é que vai estar por detrás da próxima porta, pois não? mas há mais lugares comuns que originalidades. ha vida cá em baixo é uma enorme esfera... ou será um círculo?
quinta-feira, outubro 18, 2007
quarta-feira, outubro 17, 2007
enganos
com a verdade, naturalmente.
fazendo acreditar que muitos são só um, e que um são muitos.
quem aqui lê, sabe.
quem aqui lê, se engana.
terça-feira, outubro 16, 2007
mudanças
o que somos nunca muda, mas quem somos está em constante mudança... quer o queiramos, quer não.
domingo, setembro 23, 2007
quixotescas
Um armistício assinado apenas pelo cansaço inerente a uma constante guerra. Essa mesma demanda quixotesca que insiste em escolher esses gigantescos moinhos, como alvos dantescos a derrotar.
Há derrota… derrota pelo cansaço, pelas desaventuranças repetidas, pelas quimeras eternas.
Há paz na rendição. Ou será redenção? A paz da consciência de quem se bateu, de quem foi até então honesto, de quem não mais tem para dar.
Porque pedir a lua, se podemos ter as estrelas?
quinta-feira, setembro 13, 2007
quarta-feira, agosto 15, 2007
quinta-feira, agosto 09, 2007
quase nada, quase tudo
domingo, julho 29, 2007
preciso de ti
Talvez fosse da hora... assim de manhazinha, acabado de acordar. Ainda não tinha bem assentes as ideias, e depois é isto... acabamos a falar com o coração. Talvez de manhã sejamos mais sinceros. Talvez ainda não estejamos preparados para nos dissimularmos, para mentirmos. Estamos desprotegidos, expostos, nús.
Não interessa agora porque... Está dito, está dito. As palavras não vão ser retirados. Não dá para apagar o que disse.
Preciso de ti.
Não disseste nada.
Certamente sorriste (sorriste como só tu sabes) e não disseste nada.
Mas que terás pensado.
Terei sido patético e frágil? Não sei. Só sei que preciso de ti.
emalgumoutrolugar.blogspot.com julho o4, 2006
nota póstuma: há história e pré-história. há blogues e pré-blogues. e há pré-fins de mundo... até ao dia que este barco fantasma mude de nome e o seu roteiro também. há vida para além disto... há sempre vida, lá mais além.
sexta-feira, julho 27, 2007
doença
coração acelerado?
pernas a fraquejar?
Ora cá está... muito bem visto.
Da próxima vez que sentir estes sintomas vou directo a correr para o médico mais próximo.
Só pode ser doença. De certeza que é um mal qualquer.
quinta-feira, julho 26, 2007
sexta-feira, julho 20, 2007
ambiguidades (saber partir mas não esquecer)
As ambiguidades são riquezas, são as marcas de um Homem.
Mais que tudo, a medida de tudo mais que os gestos, é o reconhecer do gestos, é entender-se como um todo e não se renegar parte alguma, boa ou má.
Um fim não é necessáriamente uma ruptura... é só isso mesmo um fim. O capitulo acaba, a história continua.
Há que saber partir mas também não esquecer o(s) que fica(m) para trás.
segunda-feira, julho 16, 2007
promontório
Escuto os mortos com os meus olhos. Dizem-me que aqui já nada têm e do que mais se queixam é da falta do tempo.
Para eles o relógio parou. Não passa mais água debaixo da ponte. O mundo não gira.
Tempus fugit
Do Tártaro intemporal e eterno, as suas palavras ecoam como ameaça velada e aviso
Nós vamos sempre a tempo. Ainda temos tempo. Ainda…
Henry Miller, “Trópico de Capricórnio”
domingo, julho 15, 2007
sábado, julho 14, 2007
é tão fundo o silêncio
Nem o som da palavra se propaga,
Nem o canto das aves milagrosas.
Mas lá, entre as estrelas, onde somos
Um astro recriado, é que se ouve
O íntimo rumor que abre as rosas.
José Saramago
sábado, junho 30, 2007
quando
quando para me fazer entender, precisar de falar...
quando para respirar precisar de pensar...
então o meu coração terá parado e eu não serei mais eu... pelo menos como me conheço.
sexta-feira, junho 29, 2007
as frágeis hastes
ao fogo espesso do Verão
a escorregar infatigável
dos espelhos, não voltarei.
Não voltarei ao leito breve
onde quebramos uma a uma
todas as frágeis
hastes do amor.
Eis o Outono: cresce a prumo.
Anoitecidas águas
em febre, em fúria, em fogo,
arrastam-me para o fundo.
Eugénio de Andrade
segunda-feira, junho 25, 2007
no teu poema
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida.
No teu poema
existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um cantochão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro.
José Luís Tinoco
pedras, calhaus e enfins...
sábado, junho 23, 2007
não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quer-te só porque a ti te quero,
Odeio.te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.
Pablo Neruda
sexta-feira, junho 22, 2007
bilhete
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
Mario Quintana
Mário Quintana
http://marioquintana.blogspot.com/
terça-feira, junho 19, 2007
há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill
arco-íris
sexta-feira, junho 08, 2007
escorpião
lenda do Mali
domingo, junho 03, 2007
domingo, maio 20, 2007
no hard feelings...
Sente-se intensamente, à flor da pele, somente desta maneira. Entrega de corpo e alma...
Sentimentos intensos, emoções intensas... muitas... fortes... duras... whatever.
Por isso: No hard feelings? I don´t believe it so!
quinta-feira, maio 10, 2007
mau amor
postfácio, prefácio, corpo do texto
aquilo que sucede ao fim de facto e fica antes do fim de princípio.
Prefácio:
aquilo que existe antes de tudo; declaração de princípio, ambições, (des)ilusões.
O que conta de facto é o corpo do texto, corpo cadáver
terça-feira, maio 01, 2007
Morpheu
Há paz? E se não há paz, há ao menos guerra? Mas contra quem?
Derrota... apenas derrota, pelo menos a julgar pelo deslumbre dos estandartes caídos... Vitória? Ninguém! Ou pelo menos houve quem menos perdeu. Houve quem se libertou de grilhetas. Mas também houve quem caiu num vale de silêncio... num isolamento amârgo, no meio das gentes.
sábado, abril 28, 2007
terça-feira, abril 24, 2007
finis gloriae mundi
...e no entanto há coisas eternas...
(como isto que trago cá dentro)
não vem nos livros
Resolver cada um à sua maneira e nenhum deles é fácil… nunca é fácil.
segunda-feira, abril 23, 2007
sábado, abril 21, 2007
por um golpe de sorte
Henry Miller, “Trópico de Capricórnio”
sexta-feira, abril 20, 2007
dependência
Estou como que perdido; o que quero é ficar ao pé dela, na sua auréola, na sua irradiação, para sempre, durante toda a vida. Nada mais sei! Será que posso afastar-me dela?
Fidor Dostoievsky, “O Jogador”
quinta-feira, abril 19, 2007
despertares
Acordo violentamente de madrugada mergulhado em suores frios e dores, aos berros, histérico, cheio de pavor. Sonho que me amputaram os braços. Sonho que te levaram de mim, que não estás aqui ao meu regaço.
A enfermeira acode de pronto. Vem em meu socorro, tranquiliza-me. Dá-me 70 miligramas de morfina e eu repouso, volto ao meu sono branco, até tornar a acordar. Até voltar a acordar.
ideias
Talvez sejamos capazes de viver com as nossas ideias. Talvez sejam sempre as nossas ideias que amamos.”
Lars Gustafson, “A morte de um Apicultor”
ama-me!
Peço-te que me ames.
Porque?
Porque te amo.
Não é razão que chegue?
Que razão tão estúpida e que razão tão forte, mas como se a razão aqui fosse chamada.
O que me interessa é que te amo contra toda a razão.
E não me interessa o que possas dizer. Só me interessa o que dizes se disseres que me amas. E nem pergunto porque, porque eu não sei nem interessa, desde que me ames.
9807280249*0408072344
natalEros
Talvez de uma súbita falha do universo, talvez de um erro, nunca de um acto de vontade.”
Marguerite Duras
talvez
Talvez não custe não ver, custa é ter visto.
Talvez não custe sofrer, custa é ter beijado.
Talvez...
Talvez a razão seja uma ilusão ou um desengano dos nossos sentimentos, ou simplesmente a própria quimera. A morte sabe tão bem como um sono profundo e tranquilo sem sonhos nem pesadelos.
Talvez não custe perder, custa é ter amado.
quarta-feira, abril 18, 2007
assuntos cardíacos
José Saramago, “A Caverna”
fingidores
nevoeiro
O nevoeiro tolda-nos a visão
Hoje está nevoeiro. Dizem-me que está um lindo de sol. Para mim está nevoeiro. Não consigo ver muito além do meu nariz. Olho para trás e não vejo passado. Olho para a frente e não vejo futuro. Mal consigo ver o sitío onde estou. Mal consigo ver o presente.
Mais que escuro... hoje está nevoeiro.
terça-feira, abril 17, 2007
efémero e frágil
É como uma borboleta que após tanto tempo nasce e morre…
Só estamos cegos ao que queremos ser alheios… até ao momento em que despertamos com a subtileza de um martelo
segunda-feira, abril 16, 2007
fantasmas
história da minha vida
Se as histórias se repetem, porque não se hão-de repetir os posts? Só mudam as personagens, os locais e às vezes as linguagens. De resto... tudo igual.
Uma mulher tem um amigo chegado. Isso significa que ele provavelmente está interessado nela e é por isso que ele se mantém tão por perto. Ela vê-o unicamente como amigo. Isto começou tudo com um: Tu és um tipo porreiro, mas não gosto de ti dessa maneira.
Isto é mais ou menos o equivalente a um tipo que vai a uma entrevista de emprego e a empresa diz: Você tem um excelente currículo, tem todas as qualificações que estamos à procura, mas não o vamos contratar. No entanto iremos usar as suas habilitações como termo de comparação para futuros candidatos. Mas vamos contratar alguém menos qualificado e que provavelmente até será alcoólico. E se ele não trabalhar bem, vamos contratar outra pessoa qualquer, mas não você. De facto, nunca o iremos contratar, mas vamos chamá-lo de vez em quando para nos queixarmos acerca da pessoa que contratamos.
domingo, abril 15, 2007
othello
sábado, abril 14, 2007
a raposa e o principezinho
É uma coisa que toda a gente se esqueceu. Quer dizer criar laços
Por enquanto tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Mas, se tu me cativares , passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti…
Sabes, há uma certa flor… tenho a impressão que ela me cativou…
É bem possível. Ve-se cada coisa á na Terra…
Só conhecemos o que cativamos.Se tu queres um amigo, cativa-me!
Teria sido melhor voltares à mesma hora. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estaria inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
Que é um rito?
É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas.
(…)
Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos…
Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa importante.
Ficas responsável para todo sempre por aquilo que cativaste.
guardar
sexta-feira, abril 13, 2007
segunda-feira, abril 09, 2007
mãos ao ar! isto é um assalto
Depois de as deixar estavam muito preocupadas por eu me meter sozinho a pé pelas ruas do Porto.
-Palermice. Disse eu
De facto, nunca estamos realmente a salvos, nunca podemos dizer que estamos bem, mas tomadas certas precauções não há problemas de maior. Evitar os cantos escuros e de fraca visibilidade, um passo certo, rápido e decidido e em caso de dúvida nunca me aproximar ou deixar aproximar estranhos. Nunca ninguém assaltou ninguém a três metros de distância.
É certo que aprendi isso por experiência própria, ou seja da pior maneira… Mas a lição ficou aprendida.
Não podemos é exagerar na distância. Também não queremos ser uma ilha no meio do nada. Mesmo que isso signifique o risco de que nos roubem alguma coisa.
domingo, abril 08, 2007
sexta-feira, abril 06, 2007
a story of (my) life
domingo, abril 01, 2007
dessincronizada
Há momentos que não acontecem quando deviam acontecer.
Há gente que chega cedo de mais à nossa vida. Há gente que chega tarde demais.
Se há um grande plano no meio deste caos todo, pelo menos em questões de tempo não deve estar muito afinado. Ou então é uma afinação desafinada.
É pena. Chegaste tarde e partes cedo. Era bom conhecer-te melhor.
sábado, março 31, 2007
a rapariga vodu
tem pele de algodão
e muitos alfinetes coloridos
saídos do coração.
Tem um magnífico par
de olhos em espiral
por si utilizados
para hipnotizar namorados
Tem muitos zombies diferentes
de que nunca se cansa.
Até tem um zombie
oriundo de França.
Mas sabe que não pode vencer
a sua terrível maldição,
pois se alguém se aproxima dela
perfura-lhe o coração.
Tim Burton
A morte melancólica do rapaz ostra & outras estórias
Lisboa: Antígona, Fevereiro de 2007
the melancholy death of oyster boy & other stories, 1997
a rapariga com muitos olhos
fiquei muito espantado:
encontrei uma miúda
com olhos por todo o lado.
e, porque tinha boca para falar,
pusemo-nos a conversar.
e das suas aulas de poesia,
e dos problemas que teria
se tivesse miopia.
alguém que tanto nos olha,
mas se desata a chorar
apanhamos uma molha.
A morte melancólica do rapaz ostra & outras estórias
Lisboa: Antígona, Fevereiro de 2007
sexta-feira, março 30, 2007
palitinho e fosforina apaixonados
quinta-feira, março 29, 2007
fuga na alma
Aquilo que tínhamos por certo de repente já não é tão certo. Um homem desesperado é certamente perigoso para os que o rodeiam, mas principalmente para si. Um homem desesperado é um homem com uma fuga na alma...
Tenho um grande homem preso numa alma medíocre...
homens... apenas homens
desilusão
Ao fim ao cabo todas as pessoas acabam por nos desiludir. E se não nos desiludem é porque a vida nos foi curta. É tudo uma questão de tempo.
No entanto a verdadeira questão aqui é: o que sentimos por essa pessoa é superior ou inferior à desilusão?
terça-feira, março 20, 2007
domingo, março 18, 2007
verdades (?)
Aprendi a confiar pouco no sentido das palavras... principlamente na verdade.
farsa
dissimulações...
engodos...
farsas...
supresas...
...é tudo que se deve/pode esperar de mim.
E então?
Se aviso... porquê as reclamções e os protestos?
Porque os espantos? E que mais?
Não sei, não quero saber.
E sabes que mais? Também não...
quarta-feira, março 07, 2007
redemptione
E vá-se lá saber. Anda um homem à procura de redenção e ainda encontra mais um par de chapadas.
Nunca esperes nada... nunca saberás o que encontras.
terça-feira, março 06, 2007
XIII
"Quando abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto vivente dizer: "vem". Olhei e vi um cavalo esverdeado; e o que o montava tinha por nome Peste; seguia-o Hades. Foi-lhe dado poder sobre a quarta parte da terra, para a fazer perecer, pela fome, pela peste e pelas feras da terra." AP 6,7-8
erradamente conhecida como morte
a carta XIII
o arcano sem nome
renovação
segunda-feira, março 05, 2007
a história da vida de um homem
Mas isso efectivamente só seria problema se ele a contasse de uma forma diferente daquela que recorda para si próprio. Seria como se ele quisesse enganar os outros sem se enganar a ele próprio primeiro.
Não há verdades absolutas. Há muitas. E todas elas relativas, diferentes, opostas, mas concordantes. São como peças de vestuário, destinadas a diferentes pessoas, diferentes idades, estaturas, fisionomias, humores. Há de tudo na loja das verdades como há no pronto-a-vestir.
Portanto, a história da vida de um homem só pode ser a sua verdade, nunca a dos outros. Se ele gostar dela tanto melhor. Se não gostar, azar. Foi a verdade que ele escolheu ou então não teve nem arte nem engenho para se enganar a si próprio.
E se não nos enganarmos, já se sabe que dificilmente havemos de ser felizes.
o outro lado do espelho
-Vejo alguém parecido comigo, mas em tantas coisas diferentes, pois eu não sou assim.
Fisicamente é mesmo muito parecida comigo, podia mesmo ser minha irmã, ainda que eu seja mais bela. Mas em tudo o resto ela é diferente… como se um reflexo fosse isso mesmo, o oposto.
-Tens a certeza de se tratar de um espelho e não de outra rapariga? Há muitos tipos de espelhos neste mundo. Raramente gostamos do que vemos neles. Normalmente encontramos neles pessoas que não conhecemos. Provavelmente, quase de certeza, é problema dos fabricantes de espelhos. Já não há artífices de jeito. Fazem os espelhos e metem lá dentro todo o tipo de pessoas e figuras, mas quase sempre aberrações, caricaturas de pessoas reais. Não podemos confiar nesse tipo de espelhos.
-Mas lebre… os espelhos são feitos com pessoas? – pergunta Alce visivelmente admirada.
-São sim, minha cara Alice. Os espelhos são basicamente pessoas. Pessoas a reflectirem sobre outras pessoas. E há muitos tipos de espelhos… tantos como os tipos de pessoas.
domingo, fevereiro 11, 2007
tudo... ou nada
Basicamente é isto, e é de facto muito difícil, porventura impossível, ambicionar por menos do que o que já se teve, ainda que tenha sido pouco, ou um quase nada, mas mais que tudo o resto. Mesmo que não tenha sido de facto nada, tão-somente um deslumbramento, uma quimera ou algo por aí aparentado. Mesmo que tenha sido apenas isso, nunca menos. Mais vale o silêncio, o vazio do que um reles simulacro, sucedâneo de um desejo, duma ânsia. Não é ter por ter, não é ser por ser. É ter por ser, ser por ter, esse limbo onde tudo começa e acaba, esse espaço sem tempo por onde cessamos sempre por recolher, essa verdade indesmentível.
Loucos e Santos
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
segunda-feira, janeiro 29, 2007
onde estás?
Não te sinto,
Não te vejo.
Onde estás?
Não te sinto,
Não te ouço.
Sei apenas
Que te desejo.
Mais um pouco,
Mais um pouco.
Faz-me sentir feliz,
Outra vez,
Mais uma vez.
Faz-me sentir feliz,
Mais um pouco,
Como louco.
Faz-me surdo,
Faz-me mudo,
Mas faz-me sentir feliz.
Faz-me cego,
Faz-me louco,
Tudo isso é tão pouco,
Pois não posso viver sem ti.
Também muito antiguinho, outro de 1996, e se foi publicado neste dia, não o foi por acaso. Um doce a quem relacionar a data com o texto.
domingo, janeiro 28, 2007
o gigante e o anjo: mitomania
Este, logo que se apercebeu de ter captado a atenção do anjo, tossiu levemente como que a aclarar a voz, e iniciou o seu discurso de forma eloquente e concisa, convicto da sua razão, a verdade maior e mais inabalável deste mundo e do outro.
"O amor é um mito. Um belo mito porventura, mas um mito, uma daquelas historietas que se contam para enganar aqueles que trazem o desejo do engano no âmago do seu ser, um cântico de sereia para aqueles que o buscam ouvir.
O amor perfeito, esse então é a sublimação do amor, a utopia maior como se já não estivesse na sua semente a génese da ilusão.
Somos Homens. Possuímos corpos imperfeitos que vivem num mundo imperfeito. Como podemos porventura ambicionar vislumbres da perfeição ou mesmo de algo tão grandioso como o amor da forma que este é cantado pelos poetas?
Desiludam-se. Tivéssemos a sorte de porventura atingir momentaneamente esse deslumbramento e porventura viveríamos o resto das nossas simples vidas presos a esse passado, a essa suprema verdade, e porventura viveríamos tristes, melancólicos, nostálgicos da perfeição que outrora logramos, ainda que apenas fugazmente, alcançar.
Não se enganem. Vivemos paixão, volúpia e outros que tais. Entregamo-nos às preces de nosso corpo e nossa alma. Satisfazemos a nossa fome e a nossa sede. Encontramos abrigo e alento no regaço de alguém. Traímos desavergonhadamente a nossa perfeita -ou será imperfeita? - unidade e cobardemente procurámos a ajuda de alguém como se não fossemos suficientemente fortes para nos aguentarmos sozinhos.
Mas isso passa. Toda a gente sabe que passa. E se não passa é porque estás doente. Tira já isso da cabeça, nem que para tal seja necessário abrir-ta a meio e arrancar a ferros esse mal que te aflige.
Talvez sejas afinal um daqueles tristes tolos de que falei há pouco. Sabes, quando a luz é tanta os olhos cegam. É mesmo assim os olhos não foram feitos para contemplar tanta luz. E as tuas asas, as tuas asas, meu caro Ícaro tem cuidado, pois essas não foram feitas para alcançarem a abóbada celeste.
Senta-te. Sossega. És Homem e por Homens foste feito. Do barro, dizem que Ele nos criou e que ao pó havemos de voltar.
Querias pois então que essa vulgares carcaças atingissem os desígnios reservados aos desuses?
Repara como é o mundo. A beleza da borboleta desperta a cobiça de toda a restante Natureza, mas porém apenas subsiste um dia. Depois ela desaparece. A perfeição neste mundo imperfeito tem um preço. A questão é se afinal estás disposto a pagar o preço daquilo que tanto buscas ou dizes buscar?
Sabes que às vezes o verdadeiro saber está em desfrutar o caminho e não em chegar ao término da nossa jornada. Não há muita gente interessada em saber a verdade embora muitos o digam que a procurem."
na ilha de Circe
A bruma tinha-se já dissipado e já era possível deslumbrar terra firme. Aquela imagem de um porto seguro era como que uma voz de sereia e eu era Odisseu com seus homens. Mas nem eu estava agarrado ao mastro, nem meus companheiros tinham os ouvidos tapados.
Acorremos o mais rápido que nos era permitido aos nossos humanos corpos e aos frágeis botes, ainda que o nosso espírito já lá estivesse chegado.
Mas se bem que chegado lá antes, de nada nos valera, porque não nos avisaram, a nós, sua parte física.
Uma vez aportados, comecei a entender a perdição de nossos espíritos.
Os homens estavam demasiado excitados para se aperceberem, mas algo naquela terra era indómita. As marcas estavam lá. Não era terra virgem. Pedaços de madeira, cinzas, destroços. Aquele seria uma ilha de Circe ou sua semelhante. Para nossa desgraça, parecera que a única terra que nos acolhia era terra de Demo. A ver vamos se não acabamos todos leitões.
sábado, janeiro 27, 2007
terra à vista
O nevoeiro era no entanto ainda muito intenso e mantinha-se assim desde que cruzáramos o trópico. Assim sendo, o contacto visual não era possível, mas não devíamos estar longe de terra firme.
Os sinais repetiram-se ao longo do dia.
Por volta da hora primeiras, foi possível, por entre o cerrado nevoeiro, estabelecer contacto visual. Um breve vislumbre, mas efectivamente viu-se algo para além do grande mar aonde nos mantínhamos perdidos há meses.
Por volta da hora terceira, tornou-se a repetir essa imagem. Os homens estavam entusiasmados, mas os homens são homens, simples homens, há tempo a mais afastados de terra, sozinhos na vastidão solitária do negro mar.
Para o final da tarde, quando já mergulha o carro de Apolo no território de Hades, as silhuetas de pássaros irromperam ruidosamente sobre o céu que nos cobria as cabeças.
Efectivamente, já não podiam haver réstia de dúvidas. Para lá de toda aquela parede de nevoeiro, tinha que haver algo mais.
Certamente terra. Terra firme. Mas será terra do Senhor ou terra do Demo?
sexta-feira, janeiro 26, 2007
como é que se esquece alguém que se ama
Jorge de Sena, do livro “ Sinais de fogo “
"Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa – como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já não está lá? As pessoas têm que morrer os sítios têm de acabar, as pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece?
Devagar. É preciso esquecer devagar.
Se uma pessoa tenta esquecer de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixarias, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar.
A primeira parte da cura é aceitar que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos em tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor de cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na Alma.
A saudade é uma dor que só pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso primeiro aceitar, (…) esta mágoa, este moinho que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo.
É preciso aceitar o amor e a morte; a separação e a tristeza; a falta de lógica e a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados, se tivessem apenas o peso que têm em si, isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa, nem remédio, nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha. Dizem-nos para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos, mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se tudo na Alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
quinta-feira, janeiro 25, 2007
agora falando a sério...
domingo, janeiro 21, 2007
fumo
Fumo, do meu cigarro
num cinzeiro
ali parado,
junto à garrafa
da cerveja morta
ali ao lado.
E uma borboleta azul
passeia no ar,
já viciado,
pousando depois
num velho jornal
do mês passado.
E o fumo no ar
faz-me lembrar
um sonho cinzento,
com as janelas fechadas,
estações de comboios
e um trem barulhento,
que se mantêm parado,
prestes a partir
a qualquer momento,
sempre de fumo no ar
e vazio no olhar
demonstrando esquecimento
do passageiro na gare
virado para o mar
de fumo cinzento.
28091996
sábado, janeiro 20, 2007
doces murmúrios
A cidade não amanhece,
mantém-se só e escura,
na tranquilidade matinal
da noite fria e pura.
O trânsito não começa,
a noite não termina,
os turnos não se rendem,
mantém-se a neblina.
As estrelas não se deitam,
o sol não desperta,
o povo não enfrenta
o ar da manhã aberta.
Os jornais não estão à venda,
a manhã não se levanta,
os barcos estão no cais,
o dia já não encanta.
Tudo se mantém escuro,
não tem sentido a hora,
e tu com doces murmúrios
pedes-me que não vá embora.
29091996
... e no entanto ela pula e gira.
ilusionista
Arte da ilusão.
O que se vê não é o que realmente parece.
É este o ofício de um ilusionista, simular ser o que parece. Criar magia, ilusão, fazer crer aos outros que realmente é possível, ainda que do lado de cá se saibam aonde estão os fios, os truques, as aldrabices, as mentiras…
É ser dissimulado, aldrabão, mentiroso e no entanto ser honesto, consigo próprio, com os seus propósitos, com os outros. Mentir, sabendo-se que se espera é uma mentira, mas aquela mentira em que queremos acreditar.
Vendedor de intrujices, sem no entanto ser intrujão. A única mentira de um ilusionista é não criar a ilusão. É falhar, mostrar as cartas, os espelhos, ser descuidado. É falhar perante os outros, mostrar que a ilusão é mentira, que não existe magia.
Mas afinal… será que o que parece, efectivamente o é? Ou será apenas uma ilusão, do maior dos ilusionistas?
Houdini ilusão ilusionismo
cassandra
Cassandra Guerra de Troia Troia Troianas
quarta-feira, janeiro 17, 2007
danos viscerais II
Sou apenas um ser humano, igual a qualquer outro.
Com um simples coração igual a tantos outros, com dois ventrículos e duas aurículas.
Na realidade é um músculo, constituído por fibras musculares, que contraem e dilatam, que às vezes aumenta de tamanho e que noutras diminui, consoante a sua necessidade.
De vez em quando bate depressa.
Os médicos chamam-lhe taquicardia, os poetas chamam-lhe paixão.
danos viscerais I
> tripas & coração
Definitivamente estou apaixonado. Sinto-o no âmago do meu estômago. Sim, no meu estômago! Este estômago que tem um nó e sofre de amor.
E depois? Por acaso não pode o estômago sentir o que é o amor?
Não há quem ame com o coração? E não há quem faça das tripas coração? Então qual é a diferença se amo com o bucho, a figadeira ou os rins? Poderá ser assim tão diferente uma taquicardia de uma úlcera no estômago?
Eu sei o que sinto e sei o que é amor. É isto que sinto e me diz o meu estômago.
domingo, janeiro 14, 2007
mar de chamas
Uma mancha negra sobrevoa os céus.
Um pássaro. Um pássaro negro voa em círculos. Confuso. Aflito. Desnorteado.
Procura poiso. Terra firme.
No entanto, em seu redor é todo chamas… Até à linha do horizonte não vislumbra mais do que esse fogo que tudo consome e tudo destrói no seu caminho.
Cada aproximação, cada tentativa de porto seguro, mais não vale que umas penas chamuscadas e um pouco de fuligem.
Resta o céu… somente esse enorme e solitário céu… ou a imolação no fogo.